Tratamento Fitossanitário Alternativo

Em determinadas áreas verdes, a aquisição e o uso de produtos Agrotóxicos convencionais pode se tornar difícil ou até mesmo inviável em função de parâmetros relacionados com os objetivos, quantidade ou tecnologia de aplicação. Nessa situação o uso de produtos alternativos, relativamente simples de serem preparados, pode constituir em mais uma opção para controle de vários agentes indesejáveis que possam influir negativamente na conservação das plantas. Esses, na sua grande maioria não foram testados oficialmente, porém de uso relativamente comum pela prática agrícola.

            Assim, essa coletânea tem como objetivo aglutinar diversas informações disponíveis sobre as várias alternativas fitossanitárias e possíveis de ser adotadas, principalmente em locais como pequenas hortas domésticas, plantas medicinais, jardins ornamentais ou em outros sistemas de produção, onde os Agrotóxicos não são desejáveis.

            Esperamos que a mesma possa evoluir no sentido de ampliar tais opções, além de contribuir e facilitar os trabalhos destinados à produção de plantas nessas situações.

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PÃO CASEIRO

Pão caseiro & Vinagre

Colocar pedaços pequenos de pão caseiro embebido em vinagre próximo às tocas/ninhos/carreadores  e em locais onde as formigas estão cortando.O produto introduzido na alimentação das formigas começa a criar mofo preto e fermenta. Isso é tóxico e mata as formigas.

Indicações: formigas saúvas.

Fonte: ZAMBERLAN & FRONCHETI, (1994).

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CALDA BORDALESA

CARACTERÍSTICAS

É um tradicional fungicida agrícola, resultado da mistura simples de sulfato de cobre, cal virgem e água.

Tem eficiência comprovada sobre diversas doenças fúngicas, como míldio, septoriose, manchas foliares, etc. Possui também ação contra bactérias e repelência para diversas pragas. Oferece elevada resistência à insolação e às chuvas.  A calda bordalesa, pode ser considerado o melhor fungicida protetor de folhas, pelo seu múltiplo efeito.

Não deve ser misturado a outros defensivos agrícolas, devido a sua elevada alcalinidade. Os defensivos aplicados depois da calda bordalesa ou viçosa devem ser compatíveis com produtos de reação alcalina, senão terão baixa eficiência.

APLICAÇÃO

A metodologia de aplicação e preparo são importantes para o êxito do tratamento, assim como a concentração e qualidade dos ingredientes.

A calda oferece riscos de fitoxicidade quando aplicada com tempo úmido (garoa ou chuvas) e folhas molhadas. A aplicação deve ser sempre feita com tempo bom e seco.

Fazer sempre a pulverização pela manhã ou á tardinha, quando as folhas estão mais túrgicas. Aplicações com temperaturas elevadas, acima de 30ºC, podem favorecer a evaporação da calda, provocando elevadas concentrações de sais sobre as folhas, que pode causar fitoxicidade. Deve-se tomar cuidado quando é feita a aplicação da calda em estufas, devendo sempre ser reduzida a concentração em relação ao campo.

A aplicação da calda bordalesa deve ser feita com pulverização em alta pressão, acima de 150 libras, pois permite a formação de uma finíssima camada de proteção sobre  tecidos vegetais, impedindo a instalação e desenvolvimento da doença.

PREPARO DA CALDA BORDALESA

Para preparar a calda bordalesa deve ser empregado sempre em tanque ou vasilhame de plástico, cimento amianto ou madeira. Não utilizar de tambores de ferro, latão ou alumínio, pois reagem com o sulfato de cobre.

DISSOLVER O SULFATO DE COBRE

O primeiro passo é dissolver o sulfato de cobre. Quando está na forma de pedra, deve ser bem triturado e colocado dentro de um pano de algodão e mantido imerso, em suspensão na parte superior de um balde, com bastante água (20 a 50 ou mais litros).

A dissolução do sulfato de cobre em pedra levará algum tempo para se completar. Pode ser empregado o sulfato de cobre na forma cristalizado, de mais fácil solubilidade, podendo ser dissolvido na mesma hora de preparo, em pouco de água quente ou normal.

Colocar a solução cúprica pronta, na caixa ou tanque de pulverização, que já deve conter a água necessária para a pulverização, agitando a mistura.

PREPARO DO LEITE DE CAL

Em outro vasilhame, que pode ser de plástico, misture a cal já hidratada com 20 a 50 litros de água, mexendo bem para formar um leite de cal. É recomendável filtrar esta solução para evitar entupimento no pulverizador.

Pode ser empregada a cal hidratada para o preparo da calda bordalesa, porém esta deve ser nova quanto à fabricação e aumentada a quantidade em relação à cal virgem.

MISTURA DAS SOLUÇÕES COBRE / CAL

Uma vez dissolvida a cal, colocar esta solução (leite de cal) no tanque de pulverização, onde já foi misturada a solução cúprica.  Derramar o leite de cal, lentamente, mexendo bem. Pode ser feita a mistura ao inverso, isto é, derramar primeiro a solução de cal e por último a cúprica, desde que  de maneira bem lenta e com forte agitação.

Depois de misturadas ambas as soluções, deve-se medir o PH da calda. Para medir o PH, usa-se um peagâmetro, fita de tornassol (adquirida em farmácia).

Estando ácida (PH abaixo de 7,0) deve-se acrescentar mais cal ou seja o leite de cal até que esteja neutralizado o cobre (PH acima de 7,0).

Fazer a aplicação da calda bordalesa imediatamente após o seu preparo.

RECOMENDAÇÕES DE USO DA CALDA BORDALESA

            A concentração dos ingredientes, difere de uma espécie, condições climáticas, grau de infestação e da fase de crescimento da planta. Utilizar dosagens menores nas fases iniciais e em plantas mais sensíveis. Testar em poucas plantas e depois fazer o tratamento ideal para o local.

            Para as fruteiras tropicais (abacate, citros, manga, macadâmia, etc.) a concentração é 0,6 a 1,0% (600 a 1.000 gramas de sulfato de cobre + 600 a 1.000 gramas de cal virgem em 100 litros de água).

            As fruteiras temperadas como caqui, figo, uva e outras, pelo risco da fitoxidade do cobre, devem Ter maiores teores de cal virgem, sendo indicadas 300 a 800 gramas de sulfato de cobre + 600 a 1.600 gramas de cal virgem.

            As hortaliças como batata, tomate, etc. aceitam bem a concentração de 0,8 a 1,0 %, porém com  dosagens menores da fase inicial. No morango e nas cucurbitáceas deve-se empregar dosagens de 0,3 a 0,5%, dependendo das condições locais.

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